Nos primeiros momentos o homem sentiu a necessidade em
calçar-se, então fizeram sapatos. Vendo que o feito era bom, fizeram as roupas
também.
Precisava ele comer vieram as armas de pedras,
madeiras e ferro, mas o homem matou a si mesmo.
Suas caças apodreceram, aprenderam com a natureza a
conservação. Viram que as folhagens, raízes e frutos também eram bons. O homem
alimentou-se e fez disso o pão.
As terras ficaram com pouco espaço, havia a
necessidade de expansão, a roda ganhou seu espaço, antes quadradas,
arredondaram-se ganhando o mundo inteiro.
Por onde passava ele pintava com pedras, com sangue e
seivas em quadros naturais das cavernas, deixavam ali seus primeiros registros
artísticos.
Depois encontraram as cores por todo o lado, com dedos
pincéis, pintaram a cara, os vasos, as roupas e tudo então.
Batendo uma coisa na outra se ouviu o som de um leve
refrão, fizeram seus brados, seus gritos de guerra, a oração.
O homem sai cantado mundo a fora costurando ideias,
batendo o pé no chão.
Não satisfeito com tudo isso, fez ele suas próprias
casas, o homem não mais trilhava, fincou raízes, constituiu família, trabalhou
para outros homens em troca de quinhão. As coisas ganharam preço.
A comida ficou bem mais próxima, arava a terra,
plantava remédio, acumulava coisas, criou-se lixão, lixão.
Criaram doenças, doente, o homem morria, fedia. O que
fizeram então? Criou-se um lugar de descanso eterno, nasceram os cemitérios, os
números e as letras de identificação.
Novas profissões surgiram, as carpideiras, os
carpinteiros, os funcionários, as floristas, os cantadores e o violão.
Com os tecidos esticados viu o homem que aquilo era
bom, as telas foram borradas com dedos, com folhas, pedaços de pau, rabo de
cavalo e cabelos de gente, a mata pulou para o pano, o céu se pintou no fundo e
a moça nua fazia pose à criação.
Sentiu ele, a necessidade de contar sua história,
encenou em cima de uma carroça, gritou, olhou de soslaio, pisou firme no chão,
levou este nome de arte mambembe, teatro era diversão.
Os irmãos brincando de fotografia deram aos retratos
movimentação, escandalizaram plateia, correram do trem na contramão, era tudo
brincadeira de gente destemida querendo fazer nome, deram nome de cinema e viu
o homem que era bom.
Por causa deste tal camarada, as telas de pano
ganharam outras partículas, pois as letras antes no papel passaram a ter digitação.
Tudo ficou muito fácil, o homem criou seu espaço em
torno de si mesmo, sem preocupação, pois lá no jardim o ipê está morrendo, o
passarinho ficando sem água, o veado campeiro correndo de fogo e a seca comendo
o sertão.
O que está matando o homem é a arte de não fazer mais
nada ou é a tecnologia da insanidade que devasta a inteligência dos que
sobrevivem ainda da lasca nas mãos?
É, somos artistas de tudo quanto é jeito, aprendemos
com a natureza lá traz, ela disponibilizou a sabedoria, a clorofila, o
medicamento, a sombra, o alimento, seu próprio corpo, aí veio o machado, a
serra, o fogo e levou a relação.
Hoje chora o homem o sangue verde nas veias e nas
mãos.
Mas a natureza é deus e ela cobra seu trato, solta
seus bichos, seus vermes, sua consideração, o homem? Este deve repensar seus
dias, pois ele, ele não faz fotossíntese não!
Estamos morrendo!
Hoje é dia do ARTISTA, será que devemos comemorar com
eles, os fazedores de vida verde, que morrem por nossas mãos?
Hoje não tem parabéns!
Por: Anna Costa
Imagem extraída do https://jornalggn.com.br/noticia/fumaca-de-incendios-criminosos-na-amazonia-se-espalha-por-todo-o-continente/

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