Oá pessoal, após muitos pedidos em nosso facebook, trazemos neste dia de Halloween uma entrevista exclusiva com o escritor Márcio Benjamin.
Ele é o autor do livro "Maldito Sertão", que contem diversos contos de terror, o conto "O lago" que foi publicado aqui em nosso blog este mês, faz parte deste livro também. Para lê-lo, basta clicar aqui.Confira a entrevista abaixo:
Conte-nos um pouco sobre o seu livro "Maldito Sertão".
R: Bem o Maldito Sertão é o meu primeiro livro solo, foi lançado em 2012 e está na sua segunda edição. O livro é uma obra de terror, que procura lançar um olhar macabro sobre as nossas lendas folclóricas mais conhecidas, trazer um pouco de volta aos leitores de hoje o sabor das histórias que eram contadas pelos nossos avós. Gosto de brincar dizendo que é um livro de lendas rurais, em contraponto às lendas urbanas.Com o decorrer da leitura, é possivel notar o uso do folclore de uma forma bem medonha. Como é pegar algo que muitas vezes fez/faz parte da infância das pessoas, e transformar em algo assustador?
R: É um grande prazer, no fim das contas, porque na verdade estamos trazendo de volta essas lendas, essas histórias, e ao final descobrimos que nunca foram esquecidas, pois ainda estão encantando tanto os adultos que relembram sua infância, bem como os jovens leitores de hoje, que estão se encantado, e o mais importante, estão se reconhecendo nas histórias, se sentindo representados, seja pela localização delas, seja pela linguagem, que, por decisão minha, é bastante oralizada, por assim dizer. Só lendo pra entender.Com apenas uma busca rápida pelo nome do seu livro na internet, podemos notar a ótima crítica que ele vem tendo. Como é para você, ver toda essa receptividade do público?
R: Meu Deus, é um prazer e uma honra saber que tem tanta gente interessada no livro, porque pra mim ele é um filho quase, e saber que as pessoas falam bem do seu filho é uma coisa louca. Gente que eu não conheço que eu nunca vi, de repente acaba tendo um carinho, uma identificação contigo por conta do teu trabalho é a gratificação mais linda que um escritor pode ter. Outro ponto incrível é que o livro já foi enviado bem dizer pra todo o Brasil e as pessoas estão compreendendo toda a história e curtindo. Digo isso porque fiquei um pouco receoso pela linguagem, mas estou vendo que não está havendo essa barreira, o que me deixa tranquilo e satisfeito.Por que escolheu o terror como estilo de escrita?
R: Eu sou um fã inveterado do terror faz séculos (risos). Desde criança esse tipo de história sempre me pegou direto pelo coração. Comecei com os filmes e depois pela escrita. A beleza do terror é que você ganha pelos dois lados, tanto você se surpreende com uma boa história cheia de reviravoltas, quanto você se assusta pelo clima criado. Da mesma forma o, terror é cheio de simbolismos e permite você criticar ou entrar em contato com vários temas espinhosos, utilizando representações, e criticando o que quiser. E de certa forma, ao contrário do que dizem, ao meu ver, o terror é bastante real sim, pois apresenta situações surreais aos personagens e não há opção para eles a não ser encarar, enfrentar, não há essa coisa de que “vai ficar tudo bem”, “vai dar tudo certo”, ele te joga na realidade e diz se vira! (risos). E a vida, pra mim, é assim, né não? (risos)Qual é o lado mais difícil de escrever esse estilo?
R: O preconceito, sem dúvida. Não só o de algumas pessoas, mas principalmente o do próprio escritor, o que é o pior! O escritor de terror nunca deve se envergonhar do seu trabalho, pois ele tem muito valor. Essa baboseira de que terror é sub-literatura infelizmente ainda existe e deve ser combatida.Quais são seus livros favoritos?
R: Danou-se! (risos) Rapaz, são tantos...mas vamos lá. Creio que obviamente a grande referência pra o meu trabalho é o grande Stephen King, especialmente com o seu Cemitério e Sombras da Noite, que são pra mim eternas referências de romance e contos. Mas também gosto de muita coisa fora do gênero, o que considero essencial para o escritor conhecer a sua função. Sou apaixonado pelo Cem anos de solidão (García-Marquez), O jogo da amarelinha e Histórias de Cronópios e de Famas (Júlio Cortázar), Contos de Amor Rasgados e Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento (Marina Colasanti), Morangos Mofados (Caio Fernando Abreu), Entrevista Com o Vampiro (Anne Rice), O Velho e o Mar (Hemigway)...dentre vários outros (risos). Da mesma forma existem escritores fabulosos no Brasil que devem urgentemente ser (mais) conhecidos, como Camila Fernandes (Reino das Névoas), Eric Novello (Exorcismo, amores e uma dose de blues), Felipe Castilho, com sua trilogia que também trabalha com o folclore, dentre outros. Sem falar nos sucessos já consolidados de Draccon, Vianco, Spohr e Montes. Ou seja, o terror é uma boa!Se você pudesse viver a vida de um dos personagens dos livros que já leu, qual escolheria e por quê?
R: Olha, sinceramente nenhum! (risos). Minhas histórias são bem assustadoras e confesso que sou meio carrasco com os coitados! Prefiro ficar desse lado da tela! (risos)Quais são seus próximos projetos?
R: Estão desenhando o Maldito Sertão, em 2016 teremos o danado em forma de quadrinhos, sendo desenvoldio por um coletivo de desenhistas irreais daqui chamando K-Ótica, que já fizeram um trabalho antológico sobre a obra do Lovecraft com outra graphic novel chamada “Lovenomicon”. Já tô aqui num pé e noutro! Da mesma forma, estamos desenvolvendo um projeto do livro para o cinema também! E já deixei na editora o original do próximo livro, que se chamará Fome e será a história de uma cidade quase deserta do nordeste, acometida por uma espécie de apocalipse zumbi. Vai ter de tudo que se espera de uma história assim e o que não se espera, mas deveria esperar (risos), mulheres fortes, negros, críticas sociais e religiões de matriz africana mencionadas com respeito e de forma bem peculiar! Vocês não perdem por esperar!Geralmente os autores costumam ter algum tipo de "ritual" para escrever, alguns só escrevem ouvindo músicas, bebendo chá, outros só escrevem de madrugada e etc. Você tem algum?
R: Na verdade não. Apenas anoto o que pode vir a ser uma boa história e desenvolvo em casa, sozinho, no silêncio. Escrevo o grosso da história e vou burilando depois.Há algo que você queira dizer ou acrescentar nesta entrevista?
R: Só queria agradecer o espaço e convidar todos a conhecerem o livro e estimular o apoio a literatura nacional! A melhor forma de estimular o seu artista preferido e viabilizando a sua obra. Assim, já sabe, entrando em livrarias, dê uma chance à literatura nacional, duvido que você se arrependa!
Márcio, muito obrigado por conversar conosco, deixamos as portas do nosso blog abertas e ficamos a sua disposição sempre que precisar.
Lhe desejamos todo o sucesso do mundo e esperamos que esse seja apenas o início de uma grande carreira.
Gostou dessa entrevista? Então comente aqui em baixo, qual escritor(a) você gostaria que fosse entrevistado(a) no mês de novembro.
Muito obrigado pelo espaço! A entrevista está bombando na fanpage!!!! www.facebook. com/malditosertao
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