• De Coração •
Talvez eu seja um poeta assim, à moda antiga.
Gosto de rimas, whisky, sonetos, um bom vinho.
Durmo mal, como bem, acordo cedo quando convém.
Tenho a poesia como uma boa inimiga
Não entro em briga, mas muitas vezes brigo sozinho.
Escrevo quando triste.
Feliz, escrevo também.
Às vezes o faço ferido.
Às vezes por ferir alguém.
Às vezes, poeta fingido.
Às vezes fugido do além.
Um tapa no pé do ouvido
Carícias, momento zen.
Sigo assim, à moda antiga: obrigado, passo bem.
Da velha escola só não quero a tuberculose.
Quero morrer assim, à moda antiga: do coração.
E a conversa no velório vai seguir mais ou menos assim:
Foi infarto do miocárdio? Ele tinha hipertensão?
Não.
Parece que foi um verso obstruído
Por um acúmulo de poesia no peito
Diz que uma estrofe deu defeito
Morreu com o bom coração partido.
(Bruno Félix – Autor do livro “O Busto de Adão e Outras Poesias”)
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