Paira sobre mim uma melancolia estranha. Oculta no ar parado
e quente que vigora nesse instante, ela toma meu coração fazendo-me cavalgar em
inexplicáveis saudades, me deixando tenso como o arco quando impele a flecha ao
alvo.
Me levo através de tal sensação até sentir a psicológica
capa de ansiedade me envolver, o que torna essa imobilidade física mais
profunda ainda.
O mais estranho de tudo, é que paradoxalmente uma felicidade
doída corrói minhas entranhas, sendo esta reflexo do calor convidativo que se
insinua sussurrando promessas de novidades com requintadas mudanças.
Continuo nesse galope sentimental e irracional sem
compreender como afinal de contas vocês podem conviver em tal conformidade em
minha alma!
Como sinto vocês duas, Melancolia e felicidade sendo
complementares uma a outra para a forja desse inspirador momento?
Porque sim, vocês pintam diante de mim um quadro raro onde a
sutileza cinza e o sorriso galante ocupam o mesmo espaço, onde a saudade canta
jovial e bela, pois traz em si a sombra da luz matinal de uma primaveril
alegria!
Não me recordo de ter sentido tal paradoxo antes, mas se o
senti deixei vagar longe, o que não o faço agora. Deixo vocês me guiarem junto
com as suaves canções que embalam meu coração nesse tal galope, com a sensação
da paixão antiga mas recente prometendo o que já mais poderá cumprir por si
mesma.
Nesse meio tempo, a noite corre com seus sonhos, mistérios,
belezas, tragédias, enquanto escrevo essas linhas em companhia de músicas
clássicas, conduzindo minha alma.
Meu corpo paralelamente suporta a tudo isso quase imóvel,
por não poder comungar com o real universo que pulsa em mim nesse melancólico
mas feliz instante!
Análise
O texto construído através das metáforas, nos apresenta uma
gama de sensações e descrições. Desenhado minuciosamente pelo autor, nos
converge a uma imersão de suas sensações físicas e emocionais.
"Paira sobre mim uma melancolia estranha. Oculta no ar
parado e quente que vigora nesse instante"
No trecho a cima podemos notar duas características, uma
emocional e outra física, a melancolia e o ar quente. Nesse caso, percebemos
que a "melancolia", não vem como algo negativo, mas sim como o motor
propulsor para outras sensações e sentimentos que podemos ver no trecho abaixo:
"ela toma meu coração fazendo-me cavalgar em
inexplicáveis saudades, me deixando tenso como o arco quando impele a flecha ao
alvo."
No trecho a cima, podemos notar que ela foi a responsável
por despertar as memórias do autor, aparentemente de uma forma negativa, o que
não se confirma no decorrer do texto.
"Me levo através de tal sensação até sentir a
psicológica capa de ansiedade me envolver, o que torna essa imobilidade física
mais profunda ainda."
Aqui temos novamente, sensações emocionais que refletem no
físico, a melancolia adjunta da ansiedade que só reforça esse
"sentir" físico.
"O mais estranho de tudo, é que paradoxalmente uma
felicidade doída corrói minhas entranhas, sendo esta reflexo do calor
convidativo que se insinua sussurrando promessas de novidades com requintadas
mudanças."
Aqui temos o reflexo das memórias citadas acima. Boas
memórias e ouso arriscar uma certa nostalgia, a ânsia por viver novamente
aquilo. Temos também, o emocional e o físico, a felicidade que corrói as entranhas
(nesse trecho fica explícito a brincadeira do autor com relação ao físico e o
intangível) e logo o calor que também pode ser uma brincadeira com o ambiente e
aquilo que desperta o desejo pelas novidades.
"(...) Porque sim, vocês pintam diante de mim um quadro
raro onde a sutileza cinza e o sorriso galante ocupam o mesmo espaço, onde a
saudade canta jovial e bela, pois traz em si a sombra da luz matinal de uma
primaveril alegria!"
Nesse trecho, podemos ver o forte indício das nostalgias do
autor, da melancolia pelo o que não vai mais voltar e da felicidade pelo o que
foi vivido e pelo o que está por vir.
"Deixo vocês me guiarem junto com as suaves canções que
embalam meu coração nesse tal galope, com a sensação da paixão antiga mas
recente prometendo o que já mais poderá cumprir por si mesma."
Na linha acima, temos indícios do que pode ser a tal "nostalgia"
e "saudade" do autor.
"Nesse meio tempo, a noite corre com seus sonhos,
mistérios, belezas, tragédias, enquanto escrevo essas linhas em companhia de
músicas clássicas, conduzindo minha alma.
Meu corpo paralelamente suporta a tudo isso quase imóvel,
por não poder comungar com o real universo que pulsa em mim nesse melancólico
mas feliz instante!"
Já aqui, temos uma noção de tempo, onde nos é revelado, que
todas sensações e sentimentos estão sendo motivados por músicas clássicas. A
forma como o autor é afetado por isso, a forma como é motivado a transpor tudo
aquilo que está o envolvendo sinestesicamente, ou seja sentimentalmente e
fisicamente. A forma como seu corpo reage a cada uma dessas sensações, saudade,
ansiedade, felicidade e melancolia.
Felicidade e melancolia, dois polos opostos que funcionam
juntos, como uma pilha, uma bateria, que são a fonte energética para que algo
mantenha-se em pleno funcionamento.
O texto é uma bela construção metafórica do autor, achei
muito incrível como cada sensação é desenhada por ele através da sinestesia.
As metáforas me parecem muito bem encaixadas, nos fazendo
mergulhar em cada sentimento, como em um quebra-cabeça onde cada uma das peças
nos revelam um pouco mais da imagem.
Meus parabéns Luis!
Lembrando que essa é uma análise simples que faço, pois
nunca fiz nenhuma análise antes, então peço que deixem suas considerações para
que eu possa sempre melhorar.
Deixe sua opinião também sobre o texto do autor.
Agradeço imensamente ao Luis pelo envio do texto e claro, a
todos que tiraram um tempinho para ler. Nos vemos em breve com mais um texto
para desatar os nossos nó(S).
Davyd Vinicius.
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