CINZA
Cinzas no cinzeiro, céu cinza o dia inteiro
Finalmente a chuva cai e cala a agonia da espera
Eufóricos trovões proclamam a alma liberta do cativeiro
Casulo de ar frio e úmido, crisálida elétrica atmosfera
Alegria nublada, inebriante neblina que desce da serra
É linda a praia assim,vazia, cinza, fria
As conchas todas caladas, cada grão de areia em silêncio pétreo
Somente a ladainha do mar, repetindo ad infinitum seu cântico de melancolia
Disco riscado que quando toca invoca fantasmas de semblante vítreo
Tristonhas assombrações que a saudade cria
No meio do canal vai um pesqueiro só
No alto da costeira a pequena capela registra a passagem do tempo na cal gasta de suas paredes
Memória paupável como seus tijolos de adobe-outrora pó
Ainda firme como as mãos velhas do pescador que remenda as redes
Ano após ano, nó após nó.
GUILHERME PAES
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