Luiz Gama: A poesia que não se
escondeu!
"[...]Eu bem sei que sou qual
grilo
De maçante e mau estilo;
E que os homens poderosos
Desta arenga receosos
Hão de chamar-me — tarelo,
Bode, negro, Mongibelo;
Porém eu que não me abalo,
Vou tangendo o meu badalo
Com repique impertinente,
Pondo a trote muita gente.
Se negro sou, ou sou bode."
(Trecho do poema: “Quem sou eu?” - LUIZ GAMA)
O
primeiro grande líder negro na nossa literatura! Em meados de 1850 já lutava
pela exaltação seu povo. Ele é um dos poucos escritores que não foram "esbranquiçados"
pela a literatura ao longo dos tempos; e um dos muitos esquecidos pela mesma.
Sua
negritude estava presente na sua visão de mundo, e nas suas idealizações! Teve
destaque como escritor, jornalista e jurista, porém foi grande como
abolicionista.
Baiano,
Gama nasceu em 1830, filho de um português e uma negra livre. Apesar de nascer
livre aos 10 anos foi vendido pelo pai para pagar uma dívida. Ou seja, além de
conhecer a escravidão pelos olhos de sua mãe, também viveu escravizado por sete
anos. Após conseguir a sua libertação, em 1869, ao lado de Rui Barbosa, fundou
o jornal Radical Paulistano.
Sua
coragem também o ultrajou. Por ser negro foi impedido de cursar a faculdade de Direito.
Porém, não desistiu! Frequentou ás aulas
como ouvinte e o conhecimento adquirido permitiu que atuasse na defesa jurídica
de negros escravos. Como rábula Gama livrou mais de 500 pessoas dos grilhões
escravistas.
Como
escritor, a sua poesia se destaca por ir de contra o lirismo abordado na
época e principalmente pela forma em que ostentava seu ideal a favor da
cultura. Publicou suas sátiras com o pseudônimo de Getulino. Seu livro, foi
publicado em 1859, livro este que possui um dos seus mais conhecidos poemas
denominado “Quem sou eu?” popularmente chamado de “Bodarrada”, nome este
que vem da palavra “bode” que na gíria da época significava mulato, negro.
Através de seus versos e de sua luta, se fez um
real representante da literatura negra no Brasil, um exaltador de sua etnia. Que
ao contrário de muitos, que escondiam a origem negra, ele corajosamente a
engrandecia com grande eloquência e personalidade.
Mariane Helena
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