quinta-feira, 15 de junho de 2017

[Biografias Reais] Luiz Gama

Luiz Gama: A poesia que não se escondeu!




"[...]Eu bem sei que sou qual grilo
De maçante e mau estilo;
E que os homens poderosos
Desta arenga receosos
Hão de chamar-me — tarelo,
Bode, negro, Mongibelo;
Porém eu que não me abalo,
Vou tangendo o meu badalo
Com repique impertinente,
Pondo a trote muita gente.
Se negro sou, ou sou bode."

(Trecho do poema: “Quem sou eu?” - LUIZ GAMA)





O primeiro grande líder negro na nossa literatura! Em meados de 1850 já lutava pela exaltação seu povo. Ele é um dos poucos escritores que não foram "esbranquiçados" pela a literatura ao longo dos tempos; e um dos muitos esquecidos pela mesma. 

Sua negritude estava presente na sua visão de mundo, e nas suas idealizações! Teve destaque como escritor, jornalista e jurista, porém foi grande como abolicionista.

Baiano, Gama nasceu em 1830, filho de um português e uma negra livre. Apesar de nascer livre aos 10 anos foi vendido pelo pai para pagar uma dívida. Ou seja, além de conhecer a escravidão pelos olhos de sua mãe, também viveu escravizado por sete anos. Após conseguir a sua libertação, em 1869, ao lado de Rui Barbosa, fundou o jornal Radical Paulistano.

Sua coragem também o ultrajou. Por ser negro foi impedido de cursar a faculdade de Direito. Porém, não desistiu!  Frequentou ás aulas como ouvinte e o conhecimento adquirido permitiu que atuasse na defesa jurídica de negros escravos. Como rábula Gama livrou mais de 500 pessoas dos grilhões escravistas. 


Como escritor, a sua poesia se destaca por ir de contra o lirismo abordado na época e principalmente pela forma em que ostentava seu ideal a favor da cultura. Publicou suas sátiras com o pseudônimo de Getulino. Seu livro, foi publicado em 1859, livro este que possui um dos seus mais conhecidos poemas denominado “Quem sou eu?” popularmente  chamado de “Bodarrada”, nome este que vem da palavra “bode” que na gíria da época significava mulato, negro.  

Através de seus versos e de sua luta, se fez um real representante da literatura negra no Brasil, um exaltador de sua etnia. Que ao contrário de muitos, que escondiam a origem negra, ele corajosamente a engrandecia com grande eloquência e personalidade.


Mariane Helena

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