FIO DENTAL CIGARROS E TRAGOS. COLUNA.
Por LOPES, Marianna
Carioca, 23.
Escritora.
Uma dose de whisky e hobby de seda
Ele chega
cansado demais de outro exaustivo de trabalho. Faz o mesmo ritual de sempre
mecanicamente. Bate a porta ruidosamente, tira os sapatos e os joga num canto
por ali, retira as meias e solta um gemido de alívio exercitando os dedos e o
restante dos pés, joga o molho de chaves em cima da mesinha, coloca a pasta de
couro marrom e o paletó azul marinho em cima do sofá e vai em direção ao bar.
Quatro pedras de gelo e Ballantine’s. Duas voltinhas e a bebida
ainda nem parou de girar, mas já dá o primeiro gole. Olha o vizinho assistindo
aos Yankees2, pela janela; ouve latidos ao longe na rua
silenciosa e desliga a luz. Hora de finalizar o dia subindo as escadas e
escutando as últimas sobre a queda do dólar, enquanto se banha. Mas hoje a
rotina lhe parece insuficiente e a vida, muito parada. Um tanto quanto vazia e
monótona.
Na sala de jantar, deposita o copo na
mesa de madeira sem se importar em queimá-la. Larga-se na cadeira, pernas esticadas,
mãos cruzadas atrás da cabeça e fica observando o nada. A claridade entrando
pelas brechas da persiana. Sente seus dedos lhe subindo as costas, as unhas
roçando em sua nuca e chegando à ponta dos cabelos. Ela abre e fecha as mãos em
seus ombros. Ele suspira, relaxando. Segura seus braços e a faz passar para seu
lado. Leva o rosto e o alisa em seu hobby de seda vermelha, tira o nó mal feito
do cinto e beija sua barriga. Mordisca de um lado a outra na linha acima da
borda da calcinha sentindo sua renda roçando no queixo.
Ele tem seu peso em suas pernas. Ela
pega o copo e toma o último gole do whisky. Ousada; ninguém toma no mesmo copo
que ele. Ainda mais daquela bebida que ele mais gosta… E ela bem sabe. Ele fita
sua boca repuxada num largo sorriso cheio de sugestões e retribui com outro
preguiçosamente cafajeste. Ela abre sua camisa vagarosamente olhando para
baixo; talvez para sua aparente ereção só de estar em sua presença. Ele
acaricia suas coxas dando leves apertões próximos às virilhas e os joelhos. Ela
envolve seus olhos com uma venda que retira do lado esquerdo da calcinha e se
lança em cima dele para amarrar suas mãos atrás da cadeira. De calça aberta,
ele sente o calor de seus seios e seu tronco enquanto tem sua língua lhe
passando pela orelha. Ela usa as unhas novamente e a boca, arranhado entre os
pelos do peito e chupando seus mamilos.
Ele está com garganta e a língua secas.
Cheio de uma louca vontade de não apenas beijar os lábios entre as pernas dela.
Ouve um tilintar e depois… gelo em seu corpo. A sensação é prazerosa. Uma leve
ardência por seu corpo quente em choque com o pedaço congelado e a sua língua
lambendo aquela água pela superfície de seu pescoço e ombros. Ela pega outra
pedrinha e chupa a ponta de pênis. Agora a sensação é de dormência à medida que
água escorre pelo membro até os testículos. Ela repete com as outras duas
restantes no copo e começa uma sessão oral que o leva a loucura de mãos atadas
querendo se soltar e agarrá-la pelos cabelos. Mas se contentava em sibilar e chamar
seu nome, que lhe soou extremamente peculiar no meio daquela sala vazia na casa
antes sem sons.
E ela, de repente, para quando ele
começa a pulsar e pulsar e pulsar… Fica nua e o deixa ver de novo. Desata suas
mãos e ele não se demora na pegada. Agarra-a pela cintura, vira-a de costas e a
encosta na mesa. Puxa seus cabelos de maneira a deixá-la com o ouvido encostado
em sua boca e então diz: “Minha vez de brincar com você agora”. Ela se
vai se abaixando voluntariamente e se apoia nos cotovelos. Ele introduz-lhe o
pênis sem cautela e com violência. Ouve-se o som dos músculos de suas coxas
batendo contra os das nádegas dela e a madeira rangendo e os pés da mesa
arrastando-se no chão. Ela se sente invadida, violada… E como isso lhe agrada.
Ela geme quando ele lhe agarra e lhe aperta os seios e investe em fortes
estocadas.
Ela, agora deitada, tem suas pernas
levantadas e os pés se cruzam em sua nuca. Ele veste o pênis com as carnes de
sua vagina que se contraem e se relaxam e vez em quando lhe beija os joelhos e
lhe dá uns tapas na coxa, nas nádegas e na cara.
Em sua boca, ele sente o gosto do
líquido dela depois que irrompe da vagina e o espalha com a língua pelo
clitóris e os lábios. Ele a faz ajoelhar-se e se agarrar a suas pernas e assim
permanecer até que ele acabe. Masturba-se com ela mordendo os lábios, esperando
ansiosamente.
E finalmente libera a porra por todo
seu rosto e ela se lambuza e lambe e lhe chupa a cabeça do membro.
Ele desperta. Em pé no bar. O gelo
derretido aguando o whisky. Aquilo lhe irrita um pouco, porém não se detém em
voltar seu pensamento para aquela mulher que tinha por costume visitar seus
sonhos. Ele a havia visto apenas uma vez, cruzando a rua. As longas madeixas
ruivas em camadas pendendo até o meio das costas, os olhos escondidos pelos
óculos escuros grandes, pernas e braços muito brancos compridos, os lábios
envolvendo a borda do copo da Starbucks3. Bastou parar no
sinal e vê-la atravessar no meio do caos do trânsito infernal da velha e boa
Nova York e nunca mais se esqueceu daquele rosto. Ele a queria, a desejava. Sua
boneca de luxo para que pudesse morrer nos prazeres que ela lhe daria e fazê-la
lambuzar-se dos prazeres que ele queria e, com certeza, iria lhe dar.
Mas só o que ele pode fazer é ir de
degrau em degrau ao quarto. Relaxar num banho quente, lembrando-se do vislumbre
de sua face de porcelana e esperando por sua visita enquanto estivesse de olhos
fechados e consciência anestesiada.
Até a próxima quarta.
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