É inegável a necessidade de a educação dialogar
com diversas tecnologias para ampliar o interesse dos estudantes pelas
informações. Porém, mesmo com tantos artifícios pedagógicos, muitas salas de
aula têm formado repetidores de ideias, e não verdadeiros pensadores, visto que
muitos profissionais possuem a dificuldade de entrar na vida do aluno e não ser
apenas professores, mas mestres, educadores.
É uma verdade
lastimável a desvalorização dos profissionais de educação e a desmotivação
consequente do desrespeito que os professores têm sofrido, mas certamente os
troféus são significativos – ainda que insuficientes e mínimos – para aqueles
que se debruçam sobre o nobre ofício de lecionar, sendo estes os verdadeiros
arquitetos do futuro, aqueles que não perdem a esperança apesar dos ventos
contrários.
O fato de o porvir
ser construído pela geração que atualmente está nas escolas demonstra o quão
delicada é a situação: observa-se a importância de os educadores desenvolverem
não apenas o conhecimento de cada estudante, mas também as emoções, ou seja, é
necessário entrar na vida do estudante como uma peça fundamental para que este
possa desenvolver suas capacidades cognitivas. Afinal, um indivíduo que
consegue expressar e administrar o que sente é um indivíduo com maior capacidade
de desenvolver ideias e analisar criticamente a realidade.
Por isso,
ressalta-se a importância do ensino da arte nas escolas. Não a arte baseada em
regras e formas, mas a arte que desenvolve o potencial do aluno e o faz
sentir-se satisfeito com o resultado de seus trabalhos, a arte que faz o aluno
entender que o conhecimento é uma parte da bela e apaixonante paisagem da vida,
por meio de palavras, músicas, desenhos, pinturas, leituras ou dinâmicas – que
façam o aluno dialogar consigo. Fazer arte é desenvolver habilidades e
capacidades, é consolidar o entendimento sobre o mundo onde se vive. Ao
praticar a arte, desenvolvem-se as principais áreas do conhecimento e se evolui
no campo dos sentimentos: aprimora-se a inteligência.
Ou seja, é possível
ampliar o potencial do estudante em diversas disciplinas e áreas da vida ao
fazê-lo descobrir a beleza das coisas com o aprimoramento de sua aptidão
artística, o que torna necessário que o educador tenha sensibilidade para
despertar nos indivíduos a inteligência e a capacidade de fazer análises,
lançando mão da mais pertinente forma de lapidar consciências para formar
opiniões: a retórica da perspectiva, por meio da qual podem ser apresentadas as
faces de uma mesma verdade, gerando esperança e concedendo autonomia
intelectual.
O educador é,
portanto, uma figura indispensável no processo de formação de pensadores, pois educar
é uma arte que exige amor aos seres humanos e o comprometimento com trabalho
emocional para que se alcance o desenvolvimento. Dessa forma, é necessário que
os professores saiam de sua área de conforto para se doar completamente à arte
que praticam de ano a ano, lecionando diariamente saberes que muitos livros não
trazem em suas páginas repletas de conhecimentos mastigados e, às vezes,
obsoletos: a vida que está acerca de todos nós, repleta de sensações com as
quais muitos não sabem como lidar pelo fato de não tomarem conhecimento de quem
são antes de viver.
De nada adianta
desenvolver o raso conhecimento horizontal, que não se aprofunda e não se
aplica. É necessário mais. É necessário dar a liberdade de criar para que o
aluno alcance sua libertação. É necessário – valendo-me da fala de um educador
que marcou meu processo de formação na faculdade de Direito, professor Helio de
Freitas Coelho – que atentemos para o que está nos livros, mas não tiremos os
olhos da vida. É necessário que a tecnologia mais complexa seja a expressão
humana.
Destarte, nota-se o
quão insuficiente é lecionar frios conceitos, fazer alunos decorarem textos e
cumprirem as tarefas sem desenvolver o que o indivíduo sente, pois deve o saber
manifestar-se da decodificação de impulsos por meio dos princípios intrínsecos
àquele que se deixa guiar pelo autoconhecimento na extensa e resplandecente caminhada
do saber.
Como sempre, Ronaldo, seu texto é belo, profundo e instigante. Parabéns.
ResponderExcluirVocê, um dos mais brilhantes alunos da histórica Faculdade de Direito de Campos, com sua inquietação e sensibilidade, muito contribuiu para a reafirmação da minha prática docente comprometida com a transformação social e a convicção de que vale a pena ser Professor! Parabéns.