Ao
acordar, ele abre os olhos lentamente tentando entender o que estava
acontecendo. Quando olha para frente, compreende conhecer o espaço que por
algum motivo encontra-se em caos.
Com o
seu corpo totalmente adormecido, ele tenta virar-se para o lado, fazendo com
que uma garrafa vazia role, percorrendo alguns metros do espaço vazio e
empoeirado.
A luz
vinda da grande janela era a única fonte de esperança que ainda restava,
iluminando o velho sofá branco abandonado.
-Blimblom - Toca a campainha. O som ecoa pela sala, mas
parece surtir mais efeito na cabeça de Richard.
Em um
movimento lento, ele tenta se levantar, porém seu corpo o relembra do ocorrido
nas noites passadas. Em um ato quase impossível, ele finalmente consegue ficar
em pé, caminha à passos arrastados até a porta, enquanto a campainha continua a
tocar.
Abre a porta.
Com os
olhos cerrados, tenta reconhecer aquela figura que esperava do lado de fora.
Com muita dificuldade, consegue reconhecer a silhueta magra de estatura pequena.
Eles ficam se encarando por alguns minutos, um tempo que pareceu uma eternidade
enquanto ninguém se arriscava a dar a primeira palavra.
-Sr. Richard? - Questionou o senhor magricela.
-Sim. - Respondeu ele com a voz relutante.
-Sou Teodoro, representante do Sr. Louis, o dono do
apartamento.
Trago para você uma carta de Louis exigindo a sua saída do
imóvel.
-Mas porquê? Não compreendo o motivo.
-Bom, se o Sr. não compreende eu posso lhe explicar. O Sr.
está devendo 4 meses de alugueis, além de todas as contas estarem atrasadas.
-Acho que deve estar havendo algum engano, eu estou com os
meus alugueis em dia. - Desvia o olhar pensativo. -A não ser o desse mês que
está atrasado alguns dias, mas nada que possa ser levado em consideração.
-Peço que me permita entrar para que possamos conversar e
entender o que está acontecendo.
Richard dá dois passos para trás, abrindo a porta para que o
senhor possa passar.
Ao
entrar, o Sr. para espantado diante da grande sala iluminada.
Diante
dele, o velho sofá que se perdia no amplo cômodo. Mais a frente encostada na
parede, uma estante com algumas coisas jogadas.
-As coisas não parecem ir muito bem por aqui, não é Sr.
Richard? - Questiona ele ao percorrer os olhos pelo espaço com algumas garrafas
vazias pelo chão.
-Realmente, eu não ando em um bom momento. Minha esposa
acabou indo embora na semana passada. Nós estávamos em uma relação complicada e
as coisas se agravaram ainda mais depois que eu fui demitido do meu emprego. -
Responde ele enquanto fechava a porta. -Mas sente-se Sr. Teodoro, creio que
possamos resolver esse mal entendido.
-Aqui está a carta do Sr. Louis, creio que se o Sr. ler
poderá compreender melhor. - Estende a mão entregando a carta para Richard.
-Me permita ir até o Toalet enquanto o Sr. lê.
-Claro, fique a vontade. Segunda porta à esquerda no
corredor. - Diz abrindo a carta.
Teodoro
passa por Richard e se direciona para o corredor até chegar diante da porta
fechada. Coloca a mão na maçaneta e antes de abrir ele observa Richard de
costas na sala atento ao papel.
Ao
entrar, um banheiro amplo, aparentemente sujo e com um cheiro um pouco forte.
Do seu lado direito, uma belíssima pia e um enorme espelho que cobria boa parte
da parede, e mais à frente uma banheira coberta por uma cortina.
Teodoro
percebe que a banheira está cheia devido ao barulho de um pingo que caía na
água de segundo em segundo e que de imediato começou a incomodá-lo.
Na
intenção de cessar o barulho, ele decide apertar o registro do chuveiro. Ao
abrir lentamente a cortina, sem esperar, se depara com o corpo de uma mulher
submersa.
Com um
grande susto e em um ato quase involuntário, ele decide sair dali.
Ao
voltar-se para a saída, ele encontra Richard parado na porta.
-Meu Deus Sr. Richard, o que aconteceu com ela? - Diz com o
rosto perplexo.
-Você realmente não me pegou em um bom momento Sr. Teodoro.
Minha esposa me deixou, mas infelizmente eu não consegui deixar dela. - Diz
enquanto adentra em passos lentos. Levanta um dos braços e aponta uma arma para
o velho. -Mas parece que agora já é tarde demais, já não conseguirei pagar o
aluguel. - Ele atira, acertando a cabeça de Teodoro.
A
parede se enche de sangue. O corpo cai e o peso daquela vida se torna ainda
mais pesada de se sustentar.
Ecoa
outro tiro. O azulejo branco é preenchido com ainda mais sangue, enquanto outro
corpo cai.
Davyd Vinicius

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