1-
Introdução
Em meados do século
XVII, novas transformações começaram a delinear-se na mentalidade do homem na
época, que já se mostrava descontente com as formas e os temas explorados no
Neoclassicismo. A “imaginação” começa a predominar sobre a “razão”;
a sensibilidade espontânea, o entusiasmo, o emocional procuram tomar vulto em
detrimento das manifestações contidas, da medida cultivada pelo pensamento iluminista.
O espírito clássico,
a obediência as regras e à razão entram em crise e surge um novo movimento
literário, originando na Inglaterra, com destaque para Lord Byron.
Logo depois, foi divulgado e através da França alcançou os demais países. Os elementos
espirituais: a alma, as paixões, o inconsciente buscam criar uma realidade
própria, muitas vezes melancólica, pessimista e angustiada.
O Romantismo, um
movimento cultural muito amplo, é fruto de uma “nova atitude de espírito diante
dos problemas da vida e do pensamento, implica numa profunda metamorfose, numa
verdadeira revolução histórico-cultural, que abrange a filosofia, as artes, as
ciências, as religiões” (…) (Massaud
Moisés)
2- Origens
A ascensão da burguesia,
europeia é um processo que se inicia com o Mercantilismo, nos séculos XVI
e XVII, passando pela Revolução Inglesa, de 1688, pela
Independência Americana, de 1776, e atingindo o seu momento culminante na
Revolução Francesa de, de 1789. Um novo sentido de
vida, baseado na livre iniciativa, exalta a audácia, a competência e a méritos
pessoais de cada indivíduo, independente de seus títulos e seus antepassados. A
era do Liberalismo está em seu auge e com ela um conjunto notável de mudanças
na história do Ocidente.
•
A liberdade de expressão
O primeiro efeito favorável da
vitória burguesa para a literatura reside no artigo onze da Declaração de
Direitos do Homem e do Cidadão: “A livre comunicação dos pensamentos e opiniões
é um dos direitos mais preciosos do homem;
todo cidadão
pode portanto falar, escrever,
imprimir livremente.”
•
O novo público leitor
Outro efeito importante resulta
do esforço da alfabetização empreendido pelos revolucionários. Todo cidadão precisa ter acesso A difusão
do livro à leitura, até para
especialmente através do conhecer os
romances de folhetim.
(permitiu proclamações que muitos
escritores vivessem de novo seus direitos autorais).
Assim irá surgir o caso de Victor
Hugo, aqui um novo público caricaturizado como um gigante leitor, mas da área literária. Diversificado e numeroso, já em nenhuma identificação
com a arte neoclássica da aristocracia cortesã.
Este público consome livros de forma
intensa e os escritores, até então,
dependentes do mecenatismo, observam que podem sobreviver apenas com a venda de
suas obras, agora
transformadas em mercadoria de
larga aceitação.
Assim o Romantismo coincide com a democratização da arte,
gerada sobretudo pela Revolução Francesa, tornando-se a expressão artística da jovem sociedade
burguesa.
Victor Hugo afirma que o Romantismo nada mais é que o
liberalismo em literatura.
De fato, o movimento mantém uma relação viva e contraditória
com a nova realidade.
( Filho da burguesia, mostra-se ambíguo diante dela, ora a
exaltando, ora protestando contra seus mecanismos, conforme observaremos aos
estudar-lhe as características)
3- Surgimento
Nas últimas décadas d século XVIII, o Romantismo já está mais
ou menos anunciado pelas obras de Rosseau, especialmente pela sua
teoria do “bom selvagem”, e pelo movimento Sturm und
Drang, (Tempestade e Ímpeto) constituído, nos anos de 1770, por
jovens alemães, que valorizam o folclórico, o nacional e o popular em oposição
ao universalismo clássico. Também a publicação de Os cantos de Ossian, pelo
inglês Macpherson, em 1760, torna-se uma referência fundamental
para os futuros românticos.
No entanto, a
antecipação mais genial de um novo espírito de época (centrado no exagero da
faculdade imaginativa e no transbordamento das paixões) , ocorre em 1774, com a
publicação, sob forma epistolar (cartas) , do romance O
sofrimento do jovem Werther. Seu autor Goethe,
então com apenas vinte e quatro anos, produzirá uma das maiores comoções já
ocorridas na história literária.
O romance de Goethe
é imediatamente traduzido para outros idiomas e obtém uma calorosa
recepção em especial do público jovem. A
obra desencadeia, como se fosse um tipo de epidemia, incontável onda de
suicídios na Europa, sempre causados pela identificação entre os fatos da
narrativa e as paixões não correspondidas dos leitores. A questão adquire
tamanha dramaticidade, que alguns governos acham por bem proibir a circulação
do Werther. Porém o romance já havia se tornado o símbolo dos novos tempos
sentimentais e subjetivos.
Marivalda Paticcie

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