Este foi escrito com a intenção de
armazenar os fatos da vida real, de uma população multifacetada. Fatos estes
presenciados por mim ao longo de cinco anos.
À
medida que o envolvimento com as pessoas do outro lado da mesa torna-se
pessoal, há necessidade de criar argumentos consoladores e neutralizantes.
Existe uma impessoalidade no atendimento, mas sendo este personalizado, abre-se
uma lacuna ao diálogo.
1º-
conto.
A senhora M.S. é uma senhora com
seus 20 e poucos anos, casada, mãe de dois filhos. Sua ida à Secretaria foi,
com o intuito de conseguir medicamentos para ela e seus filhos. Como a maioria
que se dirige ao local, ela era mais uma sem os recursos necessários para
manter-se. O fato dos medicamentos serem para todos os familiares, me chamou a
atenção, perguntei então se havia algo errado, foi ai que minha admiração
exaltou-se apesar de tantos casos já ouvidos, este me era inédito. Para os
filhos eram só vitaminas, para ela era um remédio com compostos capazes de
ativar a libido. Como poderia uma jovem de 20 anos, casada, com dois filhos,
nunca ter sentido prazer algum ao lado de um homem e este era o seu marido?
Questionei acerca do namoro, do 1º beijo e o frenesi causado por ele em todo o
corpo, a resposta foi, nojo e indiferença. Seu coração amava o que seu corpo
rejeitava. Se pudesse ela amaria sem ter que partilhar com o outro o seu corpo.
M.S. é só uma jovem que como a maioria das mulheres um dia sonhou e teve seus
sonhos interrompidos, castrados por motivos diversos. Ela agora busca
atendimento psicológico para quem sabe tentar entender-se, buscar e unanimidade
na sua dualidade sentimental. O atendimento psicológico foi marcado, mas M.S.
nunca mais apareceu.
Ana
Cristina da Costa.

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