Hoje não falarei de filmes, falarei de humanidade.
Eu não quero falar do óbvio, do que todos já sabem, que a Páscoa é uma
festa importante do segmento cristão, também não quero falar da quaresma que é
o período de abstinência de práticas comuns, período de jejum e penitência que
se inicia na quarta-feira de cinzas, também não quero falar de como o coelho
que não põe ovos é o símbolo da páscoa por sua fertilidade considerável, também
não quero falar da prática de se confeccionar ovos de chocolates e escondê-los
para que as crianças os encontrem dando uma ar de brincadeira gostosa.
Quero falar sobre o significado intrínseco da festa como a solidariedade,
a reflexão, a dádiva, o amor e a liberdade. E sobre aqueles que não sabem o
significado de tudo isso e apenas comem exageradamente e consomem artigos
supérfluos de igual tamanho. Vamos falar de crianças morrendo de fome, de
comida, de carinho, de teto e de escola. Vamos falar sobre o que podemos fazer
para aliviar essa fome generalizada pelo mundo.
Vamos falar e sentir-nos entristecidos quando eu, de posse do meu ovo de páscoa
gigantesco, faço com que minha boca se encha d’água por já saber o gosto e o
sabor do chocolate e neste breve momento eu paro com o pedaço dessa iguaria a
poucos centímetros dos meus lábios e fecho minha boca. Não, eu não vou comer
nenhum pedaço. Eu sei que bem ali, a alguns passos da minha casa, do meu bairro,
tem uma criança que não tem o trivial alimento brasileiro considerado
primordial para o crescimento de uma criança saudável, o arroz, feijão um
pedaço de carne e legumes. Este alimento não precisa ser sofisticado, ele
precisa ser de boa qualidade e simples, mas ele tem que existir e quem sabe nas
festas nacionais além desta comida saudável, ele ganhe também a sua parte.
Façamos uma festa diferente. A comida esta escassa e onde não está, seu
custo é alto, a água está minguando e onde tem em abundância, o desperdício é
exacerbado. Poremos em prática a partilha, a multiplicação.
O que deverá fazer? Não, eu não estou aqui para dizer o que deverá fazer,
mas estou aqui para alertá-lo sobre a humanidade desenlaçando os bons
sentimentos.
Estou aqui, e assim como você, preciso desamarrar meus preconceitos,
atravessar a fronteira do sossego e do conforto, dar o primeiro passo e ir. Ir
de encontro ao ser que me aguarda de olhos cabisbaixos, de mãos enegrecidas de
poluição, esquecidas de água límpida, pés descalços e esquecidos de sapatos, de
fome animal esquecida de etiqueta, de uma mente esquecida de humanidade.
Depois de feita todas as reflexões e boas ações, desejo-lhe uma boa
páscoa.
Por: Ana Cristina.

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